domingo, maio 25

Seção TOP 5 - nº 2

TOP 5
Nº 2


5 ROMANCES PREDILETOS

***


RODRIGO L.



1 - O Vermelho e o Negro, Stendhal

Minha conclusão, terminada a leitura, foi a de que o romance jamais alcançaria níveis tão elevados outra vez - não digo níveis técnicos, estéticos ou literários. Refiro-me, isso sim, às impressões e sensações particulares que um romance poderia me proporcionar. A narrativa perfeita.

2 - No Caminho de Swann, Marcel Proust

Considerando que toda lista está condicionada ao momento em que é feita, não exagero ao afirmar que, daqui a um ano, essa estará bastante modificada - restando, apenas, No Caminho de Swann. O livro ao qual sempre retorno. Com pelo menos uma leitura anual, qualquer romance se torna um enigma e uma obsessão pessoal: Proust permanece indecifrável e incompreensível em suas qualidades.

3 - Quincas Borba,
Machado de Assis

A ironia é uma forma superior e amarga de inteligência. O fato deste romance ser melhor do que Dom Casmurro e Brás Cubas passa despercebido através de todo o século XX para que, finalmente, eu o revele aqui, agora.

4 - Grande Sertão: Veredas,
João Guimarães Rosa

A mais intrincada e prazerosa leitura que o romance brasileiro pode proporcionar. Valeria só pela sintaxe perturbada, pela linguagem torta - mas como superar o aspecto profundamente humano dos personagens que, arrependidos, só parecem sofrer e temer?

5 - Os Maias, Eça de Queirós

Há que se ter muitas leituras para que se encontre uma cena final comparável à caminhada e às confidências e reflexões de Ega e Carlos no desfecho do romance - e tipos tão marcantes quanto os que povoam o Ramalhete e toda Lisboa. Tão irônico quanto Machado, Eça, contudo, é apaziguado por uma melancolia serena, mas gigantesca: a derrota superando o país, abarcando o indivíduo.



DAVI LARA


1 - O Processo, Franz Kafka

Não há nada que se compare a Kafka. Obra inacabada, um pouco impenetrável, O Processo é espantoso. Durante um tempo, num lugar perdido da memória, literatura e Kafka se confundiam para mim. Sempre serviu de refúgio. Sempre me deixa perplexo.

2 - Pais e Filhos,
Ivan Turgueniev

Desconheço outro empreendimento literário que carregue tão merecidamente o fardo da perfeição.

3 - Lolita, Vladimir Nabokov

Segundo o censo do ano passado, já passa de um a soma de desafortunados que ingressaram (ou permaneceram) no curso de letras por má-influência do russo bilíngue. Compreendam, é impossível ficar alheio a Nabokov.

4 - O Lobo da Estepe,
Hermann Hesse

Sim, eu gosto de Hermann Hesse. Não me incomoda a fama Paulo Coelho que lhe atribuem. Parece-me óbvia a discrepância dessa comparação. Devem pensar do mesmo modo todos que já tenham lido o alemão. Existem mais diferenças além de saber escrever. Falo isso porque também a temática de Hesse me agrada. Sua literatura investiga o homem. O seu envolvimento com a cultura oriental vem para somar, dá-lhe um olhar amplo e, não raramente, velado, misterioso. Gosto desses atributos.

5 - Cidades Invisiveis, Italo Calvino

Minha relação com Cidades Invisíveis está repleta de acontecimentos que extrapolam os restritamente literários, por si só satisfatórios. Tem também um encantamento, uma transcendência.



DANIEL OLIVEIRA


1 - Em busca do tempo perdido - No caminho de Swann, Marcel Proust

Na página em que a personagem principal da Recherche descreve a terrível angústia que sente pelo fato de sua mãe não lhe poder dar boa-noite naquela noite, eu decidi que gostava mais de literatura do que música. Antes, achava até ignorância pensar assim. Obs: o livro primeiro representa aqui toda a obra, que é dividida em 7 volumes.

2 - O grande Gatsby, F. Scott Fitzgerald

Fitzgerald, ao escrever a dramática história de Gatsby, não o fez pelo próprio personagem ou por um narrador onisciente, mas pelo olhar de um “simples” vizinho tão inexpressivo quanto impessoal. Eis um dos motivos da grandeza deste romance, e o principal pelo qual eu lhe dedico fervorosa admiração.

3 - O Processo, Franz Kafka

Kafka é provavelmente o autor mais imortal de todos os tempos. Não há ser humano, instituição, país ou época que não lhe abaixe a cabeça e confesse a mais despudorada fascinação pela sua obra – e eu não fujo à regra.

4 - Fome,
Knut Hamsun

Fome, do escritor norueguês, é o meu xodó literário. O alter-ego de Hamsun é o meu predileto (sim! incrível! não é o de Proust!)

5 - O retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde

Meus colegas moedotecários certamente não porão esta singular obra no presente TOP 5, mas eu não a abandonei: para a grande maioria dos amantes de literatura da minha geração - e falo por estatística - tudo começou aqui.



EDER FERNANDES


1 - Os Maias, Eça de Queirós

Não me lembro na época de ter achado-o genial. Talvez, leitor imaturo, não me tenha debruçado mais fervorosamente diante do livro. Não importa. Durante os anos os personagens de Os Maias ainda ecoam em minha cabeça. Preciso relê-lo.

2 - Livro das Mil e uma Noites, Autor desconhecido

Se é ou não um romance, pouco importa. O fato é que a narração é forte e comove qualquer leitor. Não há que não sonhe e se delicie com as comidas, as mulheres bonitas e os lugares ditados pelo livro.

3 - Dom Casmurro,
Machado de Assis

Que Memórias Póstumas seja o seu melhor livro. Dom Casmurro, no entanto, é o meu predileto do Bruxo do Cosme Velho. Depois de Capitu toda personagem feminina é como uma nota de rodapé: só a reitera.

4 - No Caminho de Swann,
Marcel Proust

Ainda não li todos os volumes de Em Busca do Tempo Perdido. Mas não faz mal. O primeiro parágrafo deste livro é simplesmente o melhor primeiro parágrafo da literatura ocidental.

5 - São Bernardo, Graciliano Ramos

Seria Angústia, que é visivelmente melhor que São Bernardo, só que Paulo Honório é o melhor personagem de Graciliano que eu já li. Em vista disso, não posso escolher senão São Bernardo.

2 comentários:

Luciano Penelu disse...

A idéia do TOP 5 foi muito boa!

Gostei muito das seleções de todos.

Anônimo disse...

Gosto muito ler.Porém,tenho uma vida agitada. Gostei muito das escolhas. Já li as Mil e uma noites e sinceramente é um livro maravilhoso. No momento estou lendo mémorias prostubas de braz cubas. Mas um livro que me fascina sem dúvida é Viva o povo brasileiro.